À luz da constituição e produção do racismo: a psicologia hospitalar tem cor?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.17267/2317-3394rpds.2024.e5422

Palavras-chave:

Psicologia Hospitalar, Racismo Estrutural, Escuta de pessoas negras

Resumo

OBJETIVO: Este trabalho apresenta aspectos de uma observação participante num Hospital Universitário do nível terciário da rede SUS localizado em Vitória, capital da região sudeste do Brasil, durante o primeiro semestre de 2023. Logo, o relato a seguir pretende provocar e incitar a discussão sobre os desafios enfrentados pela psicologia em contexto hospitalar, dentre eles o racismo estrutural impregnado nos corpos e nos gestos que se atualizam naquele estabelecimento. MÉTODO: Trata-se de um relato de experiência, de caráter qualitativo, vivido através do acompanhamento da dinâmica hospitalar da clínica cirúrgica e da clínica médica do referido Hospital. O percurso metodológico foi realizado por meio da análise institucional de linhagem francesa, calcada em discussões de orientações do estágio, onde os diários de campo, observações e participações no campo eram semanalmente discutidas. RESULTADOS: Destaca a produção e reafirmação do racismo estrutural no país, que se expressa tanto no trato com pacientes quanto com funcionários e estudantes. A escuta da equipe profissional do hospital é marcada, muitas vezes, por práticas assistencialistas e por processos de exclusão preconceituosos, fazendo-nos indagar: “A psicologia hospitalar tem cor?” CONCLUSÃO: O objetivo da pesquisa foi cumprido e, além disso, relatar essa experiência suscitou ao campo diversas questões como: de que forma colocar em funcionamento uma gestão hospitalar que propicie uma política de compartilhamento de atenção ao paciente entre os equipamentos da atenção?

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

Almeida, S. (2019). Racismo estrutural [Racismo estructural]. Jandaíra.

Azevedo, A. V. S., & Crepaldi, M. A. (2016). A Psicologia no hospital geral: aspectos históricos, conceituais e práticos [La Psicología en el hospital general: aspectos históricos, conceptuales y prácticos]. Estudos de Psicologia, 33(4), 573–585. https://doi.org/10.1590/1982-02752016000400002 DOI: https://doi.org/10.1590/1982-02752016000400002

Barros, R. B., & Passos, E. (2000). A construção do plano da clínica e o conceito de transdisciplinaridade [La construcción del plan de la clínica y el concepto de transdisciplinariedad]. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 16(1), 71–79. https://doi.org/10.1590/S0102-37722000000100010 DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-37722000000100010

Basilio, A. L. (2017, 20 de julho). “Você faz faxina? Não, faço mestrado. Sou professora” ["¿Haces limpieza? No, hago un máster. Soy profesora"]. Carta Capital. https://www.cartacapital.com.br/educacao/voce-faz-faxina-nao-faco-mestrado-sou-professora/

Benevides, R. (2005). A Psicologia e o Sistema Único de Saúde: quais interfaces? [La Psicología y el Sistema Único de Salud: ¿cuáles interfaces?]. Psicologia & Sociedade, 17(2), 21–25. https://doi.org/10.1590/S0102-71822005000200004 DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-71822005000200004

Bento, C. (2022). O pacto da branquitude [El pacto de la blancura]. Companhia das Letras.

Camon, V. (2001). E a psicologia entrou no hospital [Y la psicología entró en el hospital]. Editora Pioneira Thomson.

Carta Capital. (2022, 3 de fevereiro). Rio: Sargento da marinha mata vizinho negro e alega ter confundido com ladrão [Rio: Sargento de la marina mata a vecino negro y alega haberlo confundido con ladrón]. https://www.cartacapital.com.br/cartaexpressa/rio-sargento-da-marinha-mata-vizinho-negro-e-alega-te-lo-confundido-com-ladrao/

Dantas, M. N. P., Silva, M. F. S., & Barbosa, I. R. (2022). Reflexões sobre a mortalidade da população negra por covid-19 e a desigualdade racial no Brasil [Reflexiones sobre la mortalidad de la población negra por covid-19 y la desigualdad racial en Brasil]. Saúde e Sociedade, 313(3), Artigo e200667pt. https://doi.org/10.1590/S0104-12902022200667pt DOI: https://doi.org/10.1590/s0104-12902022200667pt

Decreto Lei n° 8.080 de 19 de setembro do Congresso Nacional. (1990). Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências [Establece las condiciones para la promoción, protección y recuperación de la salud, la organización y funcionamiento de los servicios correspondientes y dispone otras medidas]. Diário da República. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm

Decreto Lei n° 8.142 de 28 de dezembro do Congresso Nacional. (1990). Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências [Prevé la participación de la comunidad en la gestión del Sistema Único de Salud (SUS) y las transferencias intergubernamentales de recursos financieros en el sector de la salud y prevé otras medidas]. Diário da República. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8142.htm

Dimenstein, M., Macedo, J. P., & Fontenele, M. G. (2022). Atenção psicossocial nos serviços de atenção primária à saúde: desafios à integração no Brasil [Atención psicosocial en los servicios de atención primaria de salud: desafíos para la integración en Brasil] Revista Saúde Mental e Subjetividade, 14(25),1–13. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-44272022000100004 DOI: https://doi.org/10.5935/1679-4427.v14n25.0004

Engel, G. L. (1977). The need for a new medical model: a challenge for biomedicine [La necesidad de un nuevo modelo médico: un desafío para la biomedicina]. Science, 196(4286),129–136. https://doi.org/10.1126/science.847460 DOI: https://doi.org/10.1126/science.847460

Fernandes, M. (2011). Corpo [Cuerpo]. (F. Ferraz, trad.; 4a ed.). Casa do Psicólogo.

Foucault, M. (2017). Microfísica do poder [Microfísica del poder] (R. Machado, trad.; 5a ed.). Paz e Terra. (Texto original publicado en 1966)

Gomes, D. R. G., & Próchno, C. C. S. C. (2015). O corpo-doente, o hospital e a psicanálise: desdobramentos contemporâneos? [El cuerpo-enfermo, el hospital y el psicoanálisis: ¿desarrollos contemporáneos?]. Saúde e Sociedade. 24(3),780–791. https://doi.org/10.1590/S0104-12902015134338 DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-12902015134338

Gomes, L. C., & Fraga, M. N. O. (1977). Doenças, hospitalização e ansiedade: Uma abordagem em saúde mental [Enfermedades, hospitalización y ansiedad: Un enfoque en salud mental]. Revista Brasileira de Enfermagem, 3(50),425–440. https://doi.org/10.1590/S0034-71671997000300010 DOI: https://doi.org/10.1590/S0034-71671997000300010

Ipea - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. (2022). Violência por Raça [Violencia por Raza]. https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/filtros-series/3/violencia-por-raca

Iriart, J. A. B., Nucci, M. F., Muniz, T. P., Viana, G. B., Aureliano, W. A., & Gibbon, S. (2019). Da busca pelo diagnóstico às incertezas do tratamento: desafios do cuidado para as doenças genéticas raras no Brasil [De la búsqueda del diagnóstico a las incertidumbres del tratamiento: desafíos del cuidado para las enfermedades genéticas raras en Brasil]. Ciência & Saúde Coletiva, 24(10),3637–3650. https://doi.org/10.1590/1413-812320182410.01612019 DOI: https://doi.org/10.1590/1413-812320182410.01612019

Leontiev, A. (1978). O desenvolvimento do psiquismo [El desarrollo del psiquismo]. Livros Horizonte.

Mbembe, A. (2017). Políticas de inimizade [Políticas de enemistad]. Antígona.

Ministério da Saúde. (2004). Humaniza SUS: Política Nacional de Humanização: a humanização como eixo norteador das práticas de atenção e gestão em todas as instâncias do SUS [Humaniza SUS: Política Nacional de Humanización: la humanización como eje rector de las prácticas de atención y gestión en todas las instancias del SUS]. Secretaria Executiva, Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/humanizasus_2004.pdf

Ministério da Saúde. (2013). Política Nacional de Saúde Integral da População Negra: uma política para o SUS [Política Nacional de Salud Integral de la Población Negra: una política para el SUS] (2a ed.). Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, Departamento de Apoio à Gestão Participativa. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_saude_integral_populacao.pdf

Nascimento, M. L., & Lemos, F. C. S. (2020). A pesquisa-intervenção em Psicologia: os usos do diário de campo [La investigación-intervención en Psicología: los usos del diario de campo]. Barbarói, (57), 239–253. https://doi.org/10.17058/barbaroi.v0i57.14675 DOI: https://doi.org/10.17058/barbaroi.v0i57.14675

Oliveira, A. F. (2023). Por que uma especial atenção às Geografias Negras? [¿Por qué una atención especial a las Geografías Negras?]. Revista da ANPEGE, 19(38). https://doi.org/10.5418/ra2023.v19i38.17356

Paim, J. (2009). A Criação e a Implementação do SUS [La Creación y la Implementación del SUS]. Editora Fiocruz.

Ribeiro, M. C. S. A., Barata, R. B., Almeida, M. F., & Silva, Z. P. (2006). Perfil sociodemográfico e padrão de utilização de serviços de saúde para usuários e não-usuários do SUS – PNAD 2003 [Perfil sociodemográfico y patrón de utilización de servicios de salud para usuarios y no usuarios del SUS – PNAD 2003]. Ciência & Saúde Coletiva, 11(4),1011–1022. https://doi.org/10.1590/S1413-81232006000400022 DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-81232006000400022

Sebastiani, R. W., & Maia, E. M. C. (2005). Contribuições da psicologia da saúde-hospitalar na atenção ao paciente cirúrgico [Contribuciones de la psicología de la salud hospitalaria en la atención al paciente quirúrgico]. Acta Cirúrgica Brasileira, 20(Suppl. 1), 50–55. https://doi.org/10.1590/S0102-86502005000700010 DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-86502005000700010

Shorter, E. (2005). The history of the biopsychosocial approach in medicine: before and after Engel [La historia del enfoque biopsicosocial en medicina: antes y después de Engel]. In P. White (Ed.), Biopsychosocial Medicine: An Integrated Approach to Understanding Illness (pp. 1–20). Oxford University Press. https://doi.org/10.1093/med:psych/9780198530343.003.0001 DOI: https://doi.org/10.1093/med:psych/9780198530343.003.0001

Silva, C. S. R., Almeida, M. L., Brito, S. S., & Moscon, D. C. B. (2017). Os desafios que os psicólogos hospitalares encontram ao longo de sua atuação [Los desafíos que enfrentan los psicólogos hospitalarios en su práctica]. Seminário Estudantil de Produção Acadêmica, 16, 355–371. https://revistas.unifacs.br/index.php/sepa/article/view/4960.

Simões, A. S. L., & Sapeta, A. P. G. A. (2019). Entrevista e Observação. Instrumentos Científicos em Investigação Qualitativa [Entrevista y Observación. Instrumentos Científicos en Investigación Cualitativa]. Investigación Cualitativa 1(1),43–57. https://www.researchgate.net/publication/326160654_Entrevista_e_Observacao_Instrumentos_Cientificos_em_Investigacao_Qualitativa

Simonetti, A. (2016). Manual de Psicologia Hospitalar: o mapa da doença [Manual de Psicología Hospitalaria: el mapa de la enfermedad] (8a ed.). Casa do Psicólogo.

Tavares, J. S. C., & Kuratani, S. M. A. (2019). Manejo Clínico das Repercussões do Racismo entre Mulheres que se “Tornaram Negras” [Manejo Clínico de las Repercusiones del Racismo entre Mujeres que se “Volvieron Negras”]. Psicologia: Ciência e Profissão, 39, Artigo e184764. https://doi.org/10.1590/1982-3703003184764 DOI: https://doi.org/10.1590/1982-3703003184764

Tolbert, P. S., & Zucker, L. G. (1999). A institucionalização da teoria institucional [La institucionalización de la teoría institucional]. In S. E. Clegg, C. Hardy, & W. Nord (Orgs.), M. Caldas, R. Fachin & T. Fischer (Orgs. brasileiros), Handbook de estudos organizacionais, modelos de análise e novas questões em estudos organizacionais. Atlas.

Turra, V., Costa Junior, A. L., Almeida, F. F., & Doca, F. N. P. (2011). Contribuições da Psicologia na atenção ao paciente cirúrgico: uma análise da literatura [Contribuciones de la Psicología en la atención al paciente quirúrgico: un análisis de la literatura]. Comunicação em Ciências da Saúde, 22(4), 353–366. https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-685925

Werneck, J. (2016). Racismo institucional e saúde da população negra [Racismo institucional y salud de la población negra]. Saúde e Sociedade, 25(3), 535–549. https://doi.org/10.1590/S0104-129020162610 DOI: https://doi.org/10.1590/s0104-129020162610

Publicado

26.07.2024

Edição

Seção

Relatos de Experiência

Como Citar

de Barros, M. E. B., Pereira, K. de A., & Neves, M. B. (2024). À luz da constituição e produção do racismo: a psicologia hospitalar tem cor?. Revista Psicologia, Diversidade E Saúde, 13, e5422. https://doi.org/10.17267/2317-3394rpds.2024.e5422

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

<< < 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 > >>