O processo de desinstitucionalização da loucura e de implantação dos serviços substitutivos no Amazonas
DOI:
https://doi.org/10.17267/2317-3394rpds.2025.e5966Palavras-chave:
Reforma Psiquiátrica, História Oral, Saúde Mental, AmazonasResumo
RESUMO | OBJETIVO: O artigo tem como objetivo a análise histórica da política de saúde mental e da política das instituições que prestam assistência em saúde mental no Amazonas. MATERIAL E MÉTODOS: A pesquisa foi do tipo qualitativa, utilizando-se de fontes orais e documentais. Das fontes orais, foram entrevistados atores envolvidos no Movimento da Reforma Psiquiátrica e descritas as suas estratégias no processo de efetivação para compor o registro da história da Saúde Mental e do movimento da Reforma Psiquiátrica no estado do Amazonas. RESULTADOS: A pesquisa mostrou que as práticas de exclusão do modelo asilar foram predominantes no percurso histórico do atendimento a pessoas em sofrimento ou com transtorno mental no estado do Amazonas. O estado mesmo tendo aprovado a lei estadual de Saúde Mental em 2007, não realizou a efetivação da Reforma Psiquiátrica, com a criação de serviços substitutivos que atendessem a demanda em saúde mental no Amazonas. A reforma deveria garantir a assistência a partir da desinstitucionalização do único Hospital Psiquiátrico – o Centro Psiquiátrico Eduardo Ribeiro. Neste artigo foram identificados os principais atores envolvidos no Movimento da Reforma Psiquiátrica e suas estratégias no processo de efetivação. Buscou analisar também o processo de constituição da Política de Implantação dos CAPS e dos demais serviços substitutivos (Serviços de Residências Terapêuticas, Centros de Convivência, entre outros). CONSIDERAÇÕES FINAIS: O registro da história por meio de depoimentos se torna relevante devido aos reduzidos registros e também pelo fato de que algumas lideranças já faleceram.
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