Concepções de profissionais dos Centros de Atenção Psicossocial sobre promoção da cidadania
DOI:
https://doi.org/10.17267/2317-3394rpds.2022.4054Palavras-chave:
Cidadania, Psicologia social, Promoção da saúde, Assistência à saúde mental, Centro de Atenção PsicossocialResumo
INTRODUÇÃO: Não obstante os avanços do movimento de Reforma Psiquiátrica Brasileira, a luta pela efetivação dos direitos de cidadania, no campo dos cuidados em saúde mental, ainda permanece como um grande desafio. A própria noção de “cidadania”, embora de uso muito frequente, carece de uma análise mais detalhada, de modo que é possível indagar o que pensam os profissionais dos Centros de Atenção Psicossocial sobre a promoção da cidadania dos usuários de serviços de saúde mental. OBJETIVO: Descrever e analisar as concepções de profissionais dos CAPS sobre a promoção da cidadania em sua prática cotidiana. MÉTODO: Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 11 profissionais da equipe técnica dos cinco CAPS do município de Feira de Santana. Os dados foram submetidos à análise temática inferencial à luz da literatura especializada. RESULTADOS: Foram identificadas cinco categorias relativas às concepções de promoção da cidadania nos CAPS: 1) promoção de cidadania como inserção social; 2) promoção da cidadania entre a política pública e a motivação pessoal; 3) práticas de promoção de cidadania no cotidiano do CAPS; 4) dificuldades vivenciadas na promoção da cidadania; e 5) Nova política de Saúde Mental (pós-2016) e a promoção da cidadania. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os resultados mostraram diferentes concepções de promoção da cidadania no cotidiano dos CAPS, indicando fragilidades formativas e aspectos de discricionariedade de profissionais técnicos da ponta dos serviços. Argumenta-se que a efetivação da lógica dos direitos deve estar acompanhada de práticas que reconheçam os usuários como protagonistas de suas vidas e sujeitos de direitos.
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