Cenários de restrição e formas de (r)existência no campo da saúde mental: um relato de experiência
DOI:
https://doi.org/10.17267/2317-3394rpds.v10i1.3303Palavras-chave:
Inovação. Narrativa. Psicanálise - Instituições. Resistência. Saúde Mental.Resumo
Este artigo tem como objetivo explorar os limites e possibilidades de atuação de um serviço ambulatorial público de saúde mental que possui um modelo assistencial e características organizacionais não previstos no desenho preconizado pela Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) e que atravessava à época da pesquisa um (in)tenso cenário político, simultaneamente produto e produtor de um processo de precarização e sucateamento da rede de saúde municipal. Este fator foi disparador do levante à época, promovido pelo Fórum de Trabalhadores de Saúde Mental. Tem-se como base a construção e narrativa do cenário e das relações estabelecidas entres os atores que o compunham, tanto neste serviço, quanto na relação deste com outros dispositivos, a gestão e o fórum de trabalhadores, para conseguir expressar a articulação psicossocial existente e necessária. Além de traduzir/contar sobre o serviço e o trabalho realizado, estabelecendo pontes entre o individual/singular, o coletivo e o institucional. Realizou-se uma aposta metodológica com base na psicossociologia de base psicanalítica. Os principais resultados são quatro elementos emergentes de análise: processos grupais e intersubjetivos; vínculo e reconhecimento; crise e sofrimentos nas instituições; e criatividade. Forças destrutivas se manifestaram de forma contundente com a substituição em massa dos trabalhadores, a asfixia da rede pela falta de insumos / recursos gerais e pela dificuldade de parte dos trabalhadores criarem um lugar novo para si. Constatou-se que apesar do cenário, a singularidade do serviço permitiu a produção de práticas cuidadoras cuja pertinência de manutenção na rede deve ser melhor avaliada.