Experiências de sofrimento e enfrentamento no ingressar ao ensino superior: narrativa autobiográfica
DOI:
https://doi.org/10.17267/2317-3394rpds.v7i3.1930Palavras-chave:
Estudante Universitário, Saúde Mental, Política PúblicaResumo
A universidade desde o descobrimento do Brasil organiza-se de forma a atender as demandas da elite brasileira. Nas últimas décadas, foram implantadas políticas públicas de democratização do ensino superior voltados para a redução das desigualdades históricas, evidenciando a necessidade de discutir a experiência desses novos grupos sociais no contexto universitário. O presente texto apresenta o percurso de ingresso no ensino superior de um jovem negro de classe média baixa no nordeste do Brasil. Trata-se de uma narrativa autobiográfica inspirada na cartografia que permitiu discutir a experiência de sofrimento psíquico, enfrentamento e amadurecimento identitário vividas no percurso entre uma instituição privada e outra pública. O trabalho da cartografia não focaliza a descrição de fatos, discute o grau de importância das coisas, não a partir da perspectiva da importância social, mas daquilo que irrompe do corpo. Assim apresenta uma trajetória singular que ao narrar o percurso de sofrer e enfrentar adversidades, discutindo como o processo de ampliação das vagas no ensino superior se coloca como um fenômeno complexo e social historicamente construído, que envolve mais do que estruturas educacionais de metodologias, currículos, estruturas pedagógicas e corpo docente de expertises ou uma subjetividade privada, mas demanda a implementação cuidadosa de outras políticas públicas de assistência social e psicológica que deem sustentação às experiências de pertencimento, cuidados com a saúde mental.