Avaliação do efeito da manipulação fascial no tratamento da dispareunia feminina: série de casos

Resumo

INTRODUÇÃO: A dor pélvica atinge cerca de 30% das mulheres com vida sexual ativa e, destas, aproximadamente 50% relatam distúrbios de dispareunia. O tratamento tem como objetivo acompanhar a evolução dos sintomas dolorosos de origem musculoesquelética e miofascial, promovendo a melhoria da qualidade de vida das pacientes. OBJETIVO: o objetivo deste estudo é descrever os efeitos da manipulação fascial segundo o Método Stecco, associada à massagem perineal, na intensidade da dor, na função sexual, nos níveis de risco psicológico para stress, depressão e ansiedade, bem como nas características da dor e força muscular dos músculos do assoalho pélvico. MÉTODO: A amostra foi constituída por sete mulheres participantes do curso de recuperação pós-parto, com diagnóstico de dispareunia, submetidas a uma intervenção com duração de três meses. Os instrumentos de avaliação utilizados foram a escala visual numérica da dor (EVND), o questionário McGill de dor, o FSFI-19, a escala DASS-21 e a Escala de Oxford modificada. As participantes foram avaliadas em três momentos distintos: M0 (antes da intervenção – momento de diagnóstico), M1 (um mês após o início da intervenção) e M2 (três meses após o início da intervenção). Foi realizada uma análise estatística descritiva, utilizando as frequências relativa e absoluta dos dados coletados.  Para a verificação da normalidade dos dados foi utilizado o teste de Shapiro-Wilk. RESULTADOS: Os resultados indicaram reduções na dor, com diminuições entre os momentos M0–M1 e M0–M2. No Questionário de Dor de McGill, observou-se uma redução gradual da dor entre M0 e M2. No FSFI-19, o item "dor" apresentou melhora entre M0 e M1, enquanto o item "satisfação" mostrou uma diminuição entre M0 e M2; já o escore “total” da escala apresentou um leve aumento ao longo dos três momentos. Na escala DASS-21, a redução foi mais evidente no item "stress", passando de 8.3 em M0 para 5.0 em M2. Por fim, na Escala de Oxford Modificada, 71.4% das participantes apresentaram contrações de baixa intensidade no momento M0. Já nos momentos M1 e M2, observou-se uma predominância de contrações de intensidade mais satisfatória, com 42.9% das participantes atingindo grau 3 e 28.6% grau 4 em M1, e 42.9% alcançando grau 3 e outros 42.9% grau 4 em M2. CONCLUSÃO: A combinação da manipulação fascial com a massagem perineal aplicada no tratamento da dispareunia resultou na diminuição na intensidade e nas características da dor, redução dos níveis de stress, aumento da força muscular do assoalho pélvico e melhora nos itens 'satisfação' e 'dor', além de uma redução no escore total da escala.