Reconhecimento de vulnerabilidades territoriais ao vírus Zika: um modelo participativo de educação em saúde
DOI:
https://doi.org/10.17267/2594-7907ijeh.2022.e4392Palavras-chave:
Promoção da saúde, Participação comunitária, Educação em Saúde, Vírus Zika, Pesquisa qualitativaResumo
INTRODUÇÃO: Considerando que o engajamento da população no controle das arboviroses não deveria se restringir ao cuidado dos focos domésticos de mosquitos, iniciativas de educação em saúde necessitam contemplar os determinantes sociais existentes nos territórios. OBJETIVOS: Descrever proposta de modelo pedagógico visando a participação da comunidade no reconhecimento de vulnerabilidades ao vírus Zika, bem como seus principais resultados. MÉTODOS: Baseado na pedagogia crítico-problematizadora de Paulo Freire e no quadro da vulnerabilidade e direitos humanos, foi desenvolvido e aplicado um modelo de oficina para capacitar agentes comunitários de saúde na realização de diagnóstico de vulnerabilidades locais ao vírus Zika, em uma comunidade do Rio de Janeiro, Brasil. Foram feitas 4 oficinas, de 20 horas cada, contando com 42 participantes. O modelo contemplou atividades envolvendo: mapeamento e reconhecimento do território, saberes e experiências com vírus Zika e/ou outras arboviroses a identificação de espaços na comunidade vulneráveis à proliferação de mosquitos. RESULTADOS: O modelo permitiu identificar pontos do território vulneráveis à proliferação de mosquitos e cuja resposta não depende apenas da vontade ou do comportamento dos seus moradores. São condicionados a contextos sociais que expressam a tensa relação entre os moradores, o Estado e os traficantes de drogas que ocupam importante espaço de poder no território. CONCLUSÕES: Ao transcender o tradicional modelo verticalizado de educação em saúde, o método participativo proposto mostrou-se sensível e oportuno para captar o profundo conhecimento dos participantes sobre o território, não apenas na identificação de focos de mosquitos, mas, sobretudo, na compreensão das múltiplas determinações das vulnerabilidades.
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