Maternidade solo e interseccionalidades: práticas de cuidado no contexto da atenção básica
DOI:
https://doi.org/10.17267/2317-3394rpds.2022.e4393Palavras-chave:
Maternidade, Parentalidade, Sexismo, Racismo, Atenção Primária à SaúdeResumo
INTRODUÇÃO: As maternidades solo, como realidade significativa no Brasil, representam uma experiência determinada por estruturas de poder, que incidem na vida das mulheres, sobretudo negras, levando-as a trajetórias permeadas de sofrimento psíquico. Este estudo se fundamenta na importância de conhecer a atuação e os desafios de Psicólogas(os) que acolhem estas mulheres no contexto da Atenção Básica. OBJETIVO: Compreender a percepção de psicólogas(os) acerca de suas práticas, junto a mulheres mães solo na Atenção Básica, com atenção às questões de gênero, raça e interseccionalidades. MÉTODOS: Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de natureza descritivo/exploratória. A pesquisa de campo foi desenvolvida na cidade de Salvador-BA, no período de 2020-2021. A coleta de dados ocorreu em duas etapas: questionário online e entrevistas semiestruturadas. As análises foram realizadas a partir do aporte teórico da psicologia social crítica, com abordagem compreensiva das falas circunstanciadas dos sujeitos. RESULTADOS: Observou-se um contexto de ausências de cuidado às mulheres mães solo. Embora a maternidade solo seja uma experiência frequente na vida das mulheres negras e pobres, não há planejamentos específicos para a atenção e cuidado a estas usuárias, tampouco estratégias são citadas no desenho das políticas públicas para o acolhimento e cuidado de mães solo. CONSIDERAÇÕES FINAIS: As lacunas no entendimento e nas ações direcionadas às mulheres mães solo configuram-se como uma das ausências de cuidado e atenção a estas mulheres. Faz-se necessário reafirmar o compromisso ético-político da Psicologia com as reais necessidades da população brasileira, para a garantia da vida e saúde de todos os sujeitos.
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